As árvores estão nuas. Há folhas secas pelo chão. Folhas que já estiveram molhadas, empapadas, escorregadias. Mas hoje, depois de uns dias de sol, tive o gosto de as ouvir estalar debaixo dos sapatos.
Mas se vamos a caminho do inverno, também vamos a caminho de momentos felizes de descontração como estes.
"Dispomos de todas as possibilidades, da mais absoluta liberdade de escolha. Como num livro, onde cada letra permanece para sempre na página, a nossa consciência tem o direito de decidir o que quer ler e o que prefere deixar de parte." (Richard Bach)
27 novembro 2011
17 novembro 2011
O ano de Sophia
Na Universidade Sénior Florbela Espanca, este ano lectivo é o ano de Sophia. No Clube de Leitura, de que sou responsável, temos estado a falar de Sophia e a ler Sophia.
Na poesia de Sophia há vários conceitos-chave. O primeiro é, obviamente, o mar. Mas há mais. Um deles é a natureza. Este poema descreve uma paisagem que podíamos perfeitamente pintar.
Paisagem
Passavam pelo ar aves repentinas,
Na poesia de Sophia há vários conceitos-chave. O primeiro é, obviamente, o mar. Mas há mais. Um deles é a natureza. Este poema descreve uma paisagem que podíamos perfeitamente pintar.
Paisagem
Passavam pelo ar aves repentinas,
O cheiro da terra era fundo e amargo,
E ao longe as cavalgadas do mar largo
Sacudiam na areia as suas crinas.
Era o céu azul, o campo verde, a terra escura,
Era a carne das árvores elástica e dura,
Eram as gotas de sangue da resina
E as folhas em que a luz se descombina.
Eram os caminhos num ir lento,
Eram as mãos profundas do vento
Era o livre e luminoso chamamento
Da asa dos espaços fugitiva.
Eram os pinheirais onde o céu poisa,
Era o peso e era a cor de cada coisa,
A sua quietude, secretamente viva,
E a sua exalação afirmativa.
Era a verdade e a força do mar largo,
Cuja voz, quando se quebra, sobe,
Era o regresso sem fim e a claridade
Das praias onde a direito o vento corre.
Sophia de Mello Breyner
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