"Dispomos de todas as possibilidades, da mais absoluta liberdade de escolha. Como num livro, onde cada letra permanece para sempre na página, a nossa consciência tem o direito de decidir o que quer ler e o que prefere deixar de parte." (Richard Bach)
31 agosto 2009
28 agosto 2009
Esta gente
Esta gente cujo rosto
Às vezes luminoso
Outras vezes tosco
Ora me lembra escravos
Ora me lembra reis
Faz renascer meu gosto
De luta e de combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o milhafre
Pois a gente que tem
O rosto desenhado
Por paciência e fome
Um país ocupado
Escreve o seu nome
E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como a pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada
Meu canto se renova
E recomeço a busca
Dum país liberto
Duma vida limpa
E dum tempo justo
Sophia de Mello Breyner Andresen
Às vezes luminoso
Outras vezes tosco
Ora me lembra escravos
Ora me lembra reis
Faz renascer meu gosto
De luta e de combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o milhafre
Pois a gente que tem
O rosto desenhado
Por paciência e fome
Um país ocupado
Escreve o seu nome
E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como a pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada
Meu canto se renova
E recomeço a busca
Dum país liberto
Duma vida limpa
E dum tempo justo
Sophia de Mello Breyner Andresen
27 agosto 2009
Partiram
26 agosto 2009
25 agosto 2009
Foi há 400 anos...
...que Galileu apontou para os céus. O google não deixou passar em branco este passo importante para a Astronomia e colocou, no seu logotipo, o "telescópio" de Galileu.
António Gedeão lembra-nos o julgamento de Galileu como só ele o saberia fazer.
Poema para Galileo
Estou olhando o teu retrato, meu velho pisano,
aquele teu retrato que toda a gente conhece,
em que a tua bela cabeça desabrocha e floresce
sobre um modesto cabeção de pano.
aquele retrato da Galeria dos Ofícios da tua velha Florença
(Não, não, Galileo! Eu não disse Santo Ofício.
Disse Galeria dos Ofícios.)
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da requintada Florença.
Lembras-te? A Ponte Vecchio, a Loggia, a Piazza della Signoria...
Eu sei... eu sei...
As margens doces do Arno às horas pardas da melancolia.
Ai que saudade, Galileo Galilei!
Olha. Sabes? Lá em Florença
está guardado um dedo da tua mão direita num relicário.
Palavra de honra que está!
As voltas que o mundo dá!
Se calhar até há gente que pensa
que entraste no calendário.
Eu queria agradecer-te, Galileo,
a inteligência das coisas que me deste.
Eu,
e quantos milhões de homens como eu
a quem tu esclareceste,
ia jurar – que disparate, Galileo!
– e jurava a pés juntos e apostava a cabeça
sem a menor hesitação –
que os corpos caem tanto mais depressa
quanto mais pesados são.
Pois não é evidente, Galileo?
Quem acredita que um penedo caia
com a mesma rapidez que um botão de camisa ou que um seixo da praia?
Esta era a inteligência que Deus me deu.
Estava agora a lembrar-me, Galileo,
daquela cena em que tu estavas sentado num escabelo
e tinhas à tua frente um friso de homens doutos, hirtos, de toga e de capelo
a olharem-te severamente.
Estavam todos a ralhar contigo,
que parecia impossível que um homem da tua idade
e da tua condição,
se tivesse tornado num perigo
para a Humanidade
e para a Civilização.
Tu, embaraçado e comprometido, em silêncio mordiscavas os lábios,
e percorrias, cheio de piedade,
os rostos impenetráveis daquela fila de sábios.
Teus olhos habituados à observação dos satélites e das estrelas,
desceram lá das alturas
e poisaram, como aves aturdidas – parece-me que estou a vê-las –,
nas faces grávidas daquelas reverendíssimas criaturas.
E foste tu dizendo a tudo que sim, que sim senhor, que era tudo tal qual
conforme suas eminências desejavam,
e dirias que o Sol era quadrado e a Lua pentagonal
e que os astros bailavam e entoavam
à meia-noite louvores à harmonia universal.
E juraste que nunca mais repetirias
nem a ti mesmo, na própria intimidade do teu pensamento, livre e calma,
aquelas abomináveis heresias
que ensinavas e descrevias
para eterna perdição da tua alma.
Ai Galileo!
Mal sabem os teus doutos juízes, grandes senhores deste pequeno mundo
que assim mesmo, empertigados nos seus cadeirões de braços,
andavam a correr e a rolar pelos espaços
à razão de trinta quilómetros por segundo.
Tu é que sabias, Galileo Galilei.
Por isso eram teus olhos misericordiosos,
por isso era teu coração cheio de piedade,
piedade pelos homens que não precisam de sofrer, homens ditosos
a quem Deus dispensou de buscar a verdade.
Por isso estoicamente, mansamente,
resististe a todas as torturas,
a todas as angústias, a todos os contratempos,
enquanto eles, do alto inacessível das suas alturas,
foram caindo,
caindo,
caindo,
caindo,
caindo sempre,
e sempre,
ininterruptamente,
na razão directa do quadrado dos tempos.
António Gedeão
Estou olhando o teu retrato, meu velho pisano,
aquele teu retrato que toda a gente conhece,
em que a tua bela cabeça desabrocha e floresce
sobre um modesto cabeção de pano.
aquele retrato da Galeria dos Ofícios da tua velha Florença
(Não, não, Galileo! Eu não disse Santo Ofício.
Disse Galeria dos Ofícios.)
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da requintada Florença.
Lembras-te? A Ponte Vecchio, a Loggia, a Piazza della Signoria...
Eu sei... eu sei...
As margens doces do Arno às horas pardas da melancolia.
Ai que saudade, Galileo Galilei!
Olha. Sabes? Lá em Florença
está guardado um dedo da tua mão direita num relicário.
Palavra de honra que está!
As voltas que o mundo dá!
Se calhar até há gente que pensa
que entraste no calendário.
Eu queria agradecer-te, Galileo,
a inteligência das coisas que me deste.
Eu,
e quantos milhões de homens como eu
a quem tu esclareceste,
ia jurar – que disparate, Galileo!
– e jurava a pés juntos e apostava a cabeça
sem a menor hesitação –
que os corpos caem tanto mais depressa
quanto mais pesados são.
Pois não é evidente, Galileo?
Quem acredita que um penedo caia
com a mesma rapidez que um botão de camisa ou que um seixo da praia?
Esta era a inteligência que Deus me deu.
Estava agora a lembrar-me, Galileo,
daquela cena em que tu estavas sentado num escabelo
e tinhas à tua frente um friso de homens doutos, hirtos, de toga e de capelo
a olharem-te severamente.
Estavam todos a ralhar contigo,
que parecia impossível que um homem da tua idade
e da tua condição,
se tivesse tornado num perigo
para a Humanidade
e para a Civilização.
Tu, embaraçado e comprometido, em silêncio mordiscavas os lábios,
e percorrias, cheio de piedade,
os rostos impenetráveis daquela fila de sábios.
Teus olhos habituados à observação dos satélites e das estrelas,
desceram lá das alturas
e poisaram, como aves aturdidas – parece-me que estou a vê-las –,
nas faces grávidas daquelas reverendíssimas criaturas.
E foste tu dizendo a tudo que sim, que sim senhor, que era tudo tal qual
conforme suas eminências desejavam,
e dirias que o Sol era quadrado e a Lua pentagonal
e que os astros bailavam e entoavam
à meia-noite louvores à harmonia universal.
E juraste que nunca mais repetirias
nem a ti mesmo, na própria intimidade do teu pensamento, livre e calma,
aquelas abomináveis heresias
que ensinavas e descrevias
para eterna perdição da tua alma.
Ai Galileo!
Mal sabem os teus doutos juízes, grandes senhores deste pequeno mundo
que assim mesmo, empertigados nos seus cadeirões de braços,
andavam a correr e a rolar pelos espaços
à razão de trinta quilómetros por segundo.
Tu é que sabias, Galileo Galilei.
Por isso eram teus olhos misericordiosos,
por isso era teu coração cheio de piedade,
piedade pelos homens que não precisam de sofrer, homens ditosos
a quem Deus dispensou de buscar a verdade.
Por isso estoicamente, mansamente,
resististe a todas as torturas,
a todas as angústias, a todos os contratempos,
enquanto eles, do alto inacessível das suas alturas,
foram caindo,
caindo,
caindo,
caindo,
caindo sempre,
e sempre,
ininterruptamente,
na razão directa do quadrado dos tempos.
António Gedeão
24 agosto 2009
23 agosto 2009
António Silva
22 agosto 2009
21 agosto 2009
Há palavras que nos beijam
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.
(porque faz hoje 23 anos que morreu Alexandre O'Neil)
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.
(porque faz hoje 23 anos que morreu Alexandre O'Neil)
20 agosto 2009
19 agosto 2009
17 agosto 2009
16 agosto 2009
15 agosto 2009
15 de Agosto
Todos os anos, nesta altura do ano, realiza-se em Fermentelos a festa da Senhora da Saúde.
Foi em Fermentelos que nasceu e viveu o meu avô paterno que concluiu a sua formatura em Medicina na Escola Médica de Lisboa. Além de se ter dedicado à medicina, fundou e Teatro Fermentelense que, entre 1904 e 1908, alcançou grandes sucessos. Por vezes era ele autor, encenador e actor. Escreveu várias peças teatrais e foi o chefe querido dos republicanos fermentelenses.
Foi em Fermentelos que nasceu e viveu o meu avô paterno que concluiu a sua formatura em Medicina na Escola Médica de Lisboa. Além de se ter dedicado à medicina, fundou e Teatro Fermentelense que, entre 1904 e 1908, alcançou grandes sucessos. Por vezes era ele autor, encenador e actor. Escreveu várias peças teatrais e foi o chefe querido dos republicanos fermentelenses.
Casou com a minha avó e construíram esta casa (restaurada por um dos meus primos que hoje é o seu proprietário) – a casa da Fonte do Roque. Muitas vezes aqui passei temporadas.
14 agosto 2009
13 agosto 2009
Parque do Carriçal
12 agosto 2009
11 agosto 2009
Companhia
Este casalinho passou uma semana de férias comigo. Na sombra, como eu, que o calor é muito.
Em Silves onde do Castelo ao Rio Arade é sempre a descer e nas ruas, como podem ver, o tempo já envernizou as pedras todas. Nem com calçado de borracha estamos livres de escorregar.
Em Silves onde do Castelo ao Rio Arade é sempre a descer e nas ruas, como podem ver, o tempo já envernizou as pedras todas. Nem com calçado de borracha estamos livres de escorregar.
A boganvília da Gaivota Maria
A Gaivota Maria continua com a “perna ao peito”. Ontem passei lá a tarde e o marido cozinhou-nos um saboroso jantar. Foi uma tarde maravilhosa.
No jardim deste casal há uma espécie rara. Uma buganvília onde coabitam flores rosa, vermelho, cor de laranja e, pasme-se, mistas.
Uma buganvília cor de laranja já não é muito vulgar. Mas o que as fotografias mostram é perfeitamente incomum.
No jardim deste casal há uma espécie rara. Uma buganvília onde coabitam flores rosa, vermelho, cor de laranja e, pasme-se, mistas.
Uma buganvília cor de laranja já não é muito vulgar. Mas o que as fotografias mostram é perfeitamente incomum.
Cá está uma miscelânea de cores no mesmo pé.
Esta pétala atreve-se a ser cor de rosa debroada a cor de laranja.Só não digo onde mora a Gaivota para que o Governo não nacionalize esta boganvília.
09 agosto 2009
08 agosto 2009
De guarda
Miradouro para o nevoeiro
Acordei cedo. Saí logo para fazer uma caminhada no orla costeira. O sol ainda encoberto e uma temperatura boa para andar a pé. Tudo a meu gosto. O nevoeiro é que não precisava de ser tão cerrado. Para lá do miradouro, na Av. Montevideu, era suposto ver-se o mar. Apenas se vê cinzento.
A esta hora o nevoeiro já dissipou e promete um bom dia de praia para quem lá for.
A esta hora o nevoeiro já dissipou e promete um bom dia de praia para quem lá for.
07 agosto 2009
Cisterna Almoada
"...
É desta época que datam os principais monumentos da cidade, dos quais se destacam o Castelo, importante fortificação militar, dos mais bonitos e bem conservados do país, e o Poço – Cisterna Almóada, exemplar único à escala mundial.É desta época que datam os principais monumentos da cidade, dos quais se destacam o Castelo, importante fortificação militar, dos mais bonitos e bem conservados do país, e o Poço – Cisterna Almóada, exemplar único à escala mundial.
..."
Texto daqui.
Fizeram 4 anos
Ontem passei todo o dia com os meus netos, e afilhados, Rodrigo e Gonçalo que fizeram 4 anos. Que beijinhos doces trocámos!
As sapatilhas ficaram aqui. Eles andaram entretidos na piscina.
De volta a casa
Regressei do sul. Definitivamente eu e o sol de Verão do Algarve somos incompatíveis. Desde 1982 fiz duas ou três tentativas. Este ano foi definitivamente a última.
Mas foi uma semana muito bem passada. Em boa companhia e num local paradisíaco. A C. e a M. lá ficaram para continuar a usufruir daquela beleza.
Mas foi uma semana muito bem passada. Em boa companhia e num local paradisíaco. A C. e a M. lá ficaram para continuar a usufruir daquela beleza.
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