Esta gente cujo rosto
Às vezes luminoso
Outras vezes tosco
Ora me lembra escravos
Ora me lembra reis
Faz renascer meu gosto
De luta e de combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o milhafre
Pois a gente que tem
O rosto desenhado
Por paciência e fome
Um país ocupado
Escreve o seu nome
E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como a pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada
Meu canto se renova
E recomeço a busca
Dum país liberto
Duma vida limpa
E dum tempo justo
Sophia de Mello Breyner Andresen
4 comentários:
Nunca veio tão a propósito esta poesia. Será bom que reflictamos sobre ele. Abraço
A construção da liberdade (e da justiça) é um trabalho contínuo.
Gaivota Maria
Os que mais deviam reflectir, estão-se nas tintas...
beijinho
mfc
Concordo mas não deixo de estranhar que a caminho dos 40 anos de democracia ainda só se tenha conseguido isto. O trabalho é pouco e mau.
beijo
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