A fortaleza de Cacela foi local estratégico de vigilância da
costa algarvia e porto de abrigo, integrado no circuito marítimo entre
Algeciras e a costa atlântica, até Lisboa. Em caso de ataque de corsários ou
piratas, tocava o sino a rebate, avisando do perigo os moradores das quintas e
fazendas. Estes acolhiam-se à fortaleza para, em conjunto das tropas ali
aquarteladas, preparar a defesa.
Na época islâmica, esta povoação era designada “Cacetalate
Derrague”. Deve o seu nome à família berbere Darrag Alcacetali. Abú Omar ibn
Darrag nasceu em Cacela em 958, foi secretário da chancelaria do califado de
Córdova, tornando-se famoso como poeta da corte de Almançor. Durante a
conquista almóada do Gabh al-Andalus, em 1168, as tropas de Cide Abú Iacube,
filho de Abde Almunime, estiveram estacionadas neste lugar e atacaram Tavira
por terra e por mar.
O forte de Cacela passou para o domínio cristão em 1240. O
rei D. Sancho I doou-o, assim como Ayamonte, à Ordem de Santiago, como prémio
pela bravura demonstrada na conquista do Algarve “aos mouros”. Partindo de
Cacela, D. Paio Peres Correia, comendador da Ordem, ajudou os monarcas, Dom
Sancho II de Portugal, na conquista de Silves, Tavira, Loulé e Aljezur. E Dom
Fernando de Castela, na conquista de Murcia, Jaén e Sevilha.
O terramoto de 1755 destruiu o forte de Cacela. Foi
reedificado no reinado de Dona Maria I, em 1794, por iniciativa do governador
do Algarve, como se pode ver na lápide colocada sobre a entrada.
Actualmente, a Brigada da Guarda Nacional Republicana
continua a assegurar a missão para a qual o forte foi construído, a vigilância
da costa algarvia.