31 agosto 2009

28 agosto 2009

Esta gente

Esta gente cujo rosto
Às vezes luminoso
Outras vezes tosco

Ora me lembra escravos
Ora me lembra reis

Faz renascer meu gosto
De luta e de combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o milhafre

Pois a gente que tem
O rosto desenhado
Por paciência e fome
Um país ocupado
Escreve o seu nome

E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como a pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada

Meu canto se renova
E recomeço a busca
Dum país liberto
Duma vida limpa
E dum tempo justo

Sophia de Mello Breyner Andresen

27 agosto 2009

Partiram

Duas pessoas que partiram. Muito chegados a pessoas que me dizem muito. Que descansem em paz! A geração anterior à minha está a desaparecer.
Fica a saudade e a dor.

26 agosto 2009

25 agosto 2009

Foi há 400 anos...

...que Galileu apontou para os céus. O google não deixou passar em branco este passo importante para a Astronomia e colocou, no seu logotipo, o "telescópio" de Galileu.
(Ler mais aqui)


António Gedeão lembra-nos o julgamento de Galileu como só ele o saberia fazer.


Poema para Galileo

Estou olhando o teu retrato, meu velho pisano,
aquele teu retrato que toda a gente conhece,
em que a tua bela cabeça desabrocha e floresce
sobre um modesto cabeção de pano.
aquele retrato da Galeria dos Ofícios da tua velha Florença
(Não, não, Galileo! Eu não disse Santo Ofício.
Disse Galeria dos Ofícios.)
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da requintada Florença.

Lembras-te? A Ponte Vecchio, a Loggia, a Piazza della Signoria...
Eu sei... eu sei...
As margens doces do Arno às horas pardas da melancolia.
Ai que saudade, Galileo Galilei!

Olha. Sabes? Lá em Florença
está guardado um dedo da tua mão direita num relicário.
Palavra de honra que está!
As voltas que o mundo dá!
Se calhar até há gente que pensa
que entraste no calendário.

Eu queria agradecer-te, Galileo,
a inteligência das coisas que me deste.
Eu,
e quantos milhões de homens como eu
a quem tu esclareceste,
ia jurar – que disparate, Galileo!
– e jurava a pés juntos e apostava a cabeça
sem a menor hesitação –
que os corpos caem tanto mais depressa
quanto mais pesados são.

Pois não é evidente, Galileo?
Quem acredita que um penedo caia
com a mesma rapidez que um botão de camisa ou que um seixo da praia?
Esta era a inteligência que Deus me deu.

Estava agora a lembrar-me, Galileo,
daquela cena em que tu estavas sentado num escabelo
e tinhas à tua frente um friso de homens doutos, hirtos, de toga e de capelo
a olharem-te severamente.
Estavam todos a ralhar contigo,
que parecia impossível que um homem da tua idade
e da tua condição,
se tivesse tornado num perigo
para a Humanidade
e para a Civilização.
Tu, embaraçado e comprometido, em silêncio mordiscavas os lábios,
e percorrias, cheio de piedade,
os rostos impenetráveis daquela fila de sábios.

Teus olhos habituados à observação dos satélites e das estrelas,
desceram lá das alturas
e poisaram, como aves aturdidas – parece-me que estou a vê-las –,
nas faces grávidas daquelas reverendíssimas criaturas.
E foste tu dizendo a tudo que sim, que sim senhor, que era tudo tal qual
conforme suas eminências desejavam,
e dirias que o Sol era quadrado e a Lua pentagonal
e que os astros bailavam e entoavam
à meia-noite louvores à harmonia universal.
E juraste que nunca mais repetirias
nem a ti mesmo, na própria intimidade do teu pensamento, livre e calma,
aquelas abomináveis heresias
que ensinavas e descrevias
para eterna perdição da tua alma.
Ai Galileo!
Mal sabem os teus doutos juízes, grandes senhores deste pequeno mundo
que assim mesmo, empertigados nos seus cadeirões de braços,
andavam a correr e a rolar pelos espaços
à razão de trinta quilómetros por segundo.
Tu é que sabias, Galileo Galilei.

Por isso eram teus olhos misericordiosos,
por isso era teu coração cheio de piedade,
piedade pelos homens que não precisam de sofrer, homens ditosos
a quem Deus dispensou de buscar a verdade.
Por isso estoicamente, mansamente,
resististe a todas as torturas,
a todas as angústias, a todos os contratempos,
enquanto eles, do alto inacessível das suas alturas,
foram caindo,
caindo,
caindo,
caindo,
caindo sempre,
e sempre,
ininterruptamente,
na razão directa do quadrado dos tempos.

António Gedeão

24 agosto 2009

Sombras

Esta fotografia, com a minha sombra, foi tirada no Castelo de Silves. Hoje não podia tirar uma fotografia assim. Como não há sol, não há sombras. Mas está um fresquinho delicioso.

23 agosto 2009

António Silva

Hoje lembrei-me de António Silva, o artesão de Barcelos que, com lixo fazia lindas obras de arte. Faleceu no ano passado. Guardo como relíquia este crucifixo, feito de perafusos e porcas, que ele me ofereceu.

22 agosto 2009

Não estavam em casa...


As casas estavam lá. As cegonhas deviam estar abrigadas em qualquer sombra para fugir do sol abrasador.

21 agosto 2009

Há palavras que nos beijam

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.


Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.


De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.


(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)


Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.


(porque faz hoje 23 anos que morreu Alexandre O'Neil)

20 agosto 2009

19 agosto 2009

Foz do Douro

(No dia mundial da fotografia)

17 agosto 2009

Abraços

15 agosto 2009

15 de Agosto

Todos os anos, nesta altura do ano, realiza-se em Fermentelos a festa da Senhora da Saúde.
Foi em Fermentelos que nasceu e viveu o meu avô paterno que concluiu a sua formatura em Medicina na Escola Médica de Lisboa. Além de se ter dedicado à medicina, fundou e Teatro Fermentelense que, entre 1904 e 1908, alcançou grandes sucessos. Por vezes era ele autor, encenador e actor. Escreveu várias peças teatrais e foi o chefe querido dos republicanos fermentelenses.

Avô António
Casou com a minha avó e construíram esta casa (restaurada por um dos meus primos que hoje é o seu proprietário) – a casa da Fonte do Roque. Muitas vezes aqui passei temporadas.
Foi nesta casa que foi tirada esta fotografia onde estou com os meus pais e a minha irmã mais velha, num 15 de Agosto longínquo, dia em que fui baptizada.

14 agosto 2009

O rio Arade

A ponte sobre o Rio Arade vista da margem...

... e do Castelo.

13 agosto 2009

Parque do Carriçal

Já que o sol me está interdito, as minhas caminhadas têm que ser feitas ao pôr do sol ou onde haja boas sombras. É o caso do Parque do Carriçal. Com este sol e calor, toda gente deve ter ido para a praia já que o movimento no parque, entre as 9:45 h e as10:30 h, era este.

12 agosto 2009

O mapa

Um bocadinho de Portugal num mapa feito de pedra no Castelo de Silves.

11 agosto 2009

Companhia

Este casalinho passou uma semana de férias comigo. Na sombra, como eu, que o calor é muito.


Em Silves onde do Castelo ao Rio Arade é sempre a descer e nas ruas, como podem ver, o tempo já envernizou as pedras todas. Nem com calçado de borracha estamos livres de escorregar.

A boganvília da Gaivota Maria

A Gaivota Maria continua com a “perna ao peito”. Ontem passei lá a tarde e o marido cozinhou-nos um saboroso jantar. Foi uma tarde maravilhosa.
No jardim deste casal há uma espécie rara. Uma buganvília onde coabitam flores rosa, vermelho, cor de laranja e, pasme-se, mistas.
Uma buganvília cor de laranja já não é muito vulgar. Mas o que as fotografias mostram é perfeitamente incomum.



Cá está uma miscelânea de cores no mesmo pé.

Esta pétala atreve-se a ser cor de rosa debroada a cor de laranja.

Estas têm pétalas que são metade laranja e metade vermelha.
Só não digo onde mora a Gaivota para que o Governo não nacionalize esta boganvília.

09 agosto 2009

Avermelhado


Para quem viveu sempre entre o granito e o verde, a cor da pedra em Silves é, no mínino, invulgar.
Gostei.

08 agosto 2009

De guarda

Na primeira conquista cristã de Silves, as tropas portuguesas foram comandadas por D. Sancho I que se mantém de guarda ao Castelo avermelhado.

Miradouro para o nevoeiro

Acordei cedo. Saí logo para fazer uma caminhada no orla costeira. O sol ainda encoberto e uma temperatura boa para andar a pé. Tudo a meu gosto. O nevoeiro é que não precisava de ser tão cerrado. Para lá do miradouro, na Av. Montevideu, era suposto ver-se o mar. Apenas se vê cinzento.
A esta hora o nevoeiro já dissipou e promete um bom dia de praia para quem lá for.

07 agosto 2009

Cisterna Almoada

"...
É desta época que datam os principais monumentos da cidade, dos quais se destacam o Castelo, importante fortificação militar, dos mais bonitos e bem conservados do país, e o Poço – Cisterna Almóada, exemplar único à escala mundial.É desta época que datam os principais monumentos da cidade, dos quais se destacam o Castelo, importante fortificação militar, dos mais bonitos e bem conservados do país, e o Poço – Cisterna Almóada, exemplar único à escala mundial.
..."
Texto daqui.

Fizeram 4 anos

Ontem passei todo o dia com os meus netos, e afilhados, Rodrigo e Gonçalo que fizeram 4 anos. Que beijinhos doces trocámos!


As sapatilhas ficaram aqui. Eles andaram entretidos na piscina.

De volta a casa

Regressei do sul. Definitivamente eu e o sol de Verão do Algarve somos incompatíveis. Desde 1982 fiz duas ou três tentativas. Este ano foi definitivamente a última.
Mas foi uma semana muito bem passada. Em boa companhia e num local paradisíaco. A C. e a M. lá ficaram para continuar a usufruir daquela beleza.