28 dezembro 2006

Novo Ano

Os anos, tal como nós, estão por cá a prazo. Estão a completar-se os 365 dias de 2006 e, assim, este ano vai ter de acabar. E vem outro...
E as pessoas festejam...
Festejam o quê? A mudança de um ano para outro? De um dia de 24 h para outro igual?

"E os meses vão batendo à nossa porta
Sempre a fingir que são deuses diversos"
David Mourão Ferreira

Desejo harmonia ao mundo

A Harmonia

Na ave que rompe os céus,
que esvoaça,
na paz, na guerra,
na dor,
na tortura do adeus,
na fome,
no minuto que passa…

Na estranha visão da vida,
no fanatismo cego
– grandeza de uma raça –
na chegada, na partida,
no copo de cristal
em que eu pego,
numa taça…

No calmo murmurar
dum ribeiro manso…,
no vento
imenso e rouco,
no sol, no mar,
nas pedras em descanso…,

Há sempre um quê
de belo e de louco
em suave harmonia;
há sempre na terra
de tudo um pouco,
no fogo, na água,
pairando no ar,
de noite e de dia.
Arnaldo Silva

27 dezembro 2006

Amador sem coisa amada

Resolvi andar na rua
com os olhos postos no chão.
Quem me quiser que me chame
ou que me toque na mão.

Quando a angústia embaciar
de tédio os olhos vidrados,
olharei para os prédios altos,
para as telhas dos telhados.

Amador sem coisa amada,
aprendiz colegial.
Sou amador da existência,
não chego a profissional.

António Gedeão

26 dezembro 2006

Solidão

Quem sabe ler...
E lê
Quem sabe ouvir...
E ouve
Quem sabe ver...
E vê
Quem sabe amar...
E ama
Quem canta,
Sabendo ou não,
Uma canção...
Mesmo estando só...
Não está sozinho...
Não sente solidão...

GP

25 dezembro 2006

O que fica?

Quando este Natal está no fim...
... Sócrates vem dizer que a situação de Portugal está a melhorar pouco a pouco. Desde a tanga da tanga que andamos (não todos) a apertar o cinto. Onde estará tudo o que já foi poupado nesta eternidade?
... morre o pioneiro da música soul - James Brown.
... nas nossas estradas, morreram mais duas pessoas do que no ano passado.
... avisam-nos que a água em Matosinhos vai aumentar 2,5%.
Ficou deste Natal o prazer gostoso, e a disponibilidade temporal, para estar com as filhas, os genros e os netos. Ergo a minha taça de champanhe a todos eles.

20 dezembro 2006

Ladaínha dos póstumos natais

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que se veja à mesa o meu lugar vazio


Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que hão-de me lembrar de modo menos nítido

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que só uma voz me evoque a sós consigo

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que não viva já ninguém meu conhecido

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem vivo esteja um verso deste livro

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que terei de novo o Nada a sós comigo

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem o Natal terá qualquer sentido

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que o Nada retome a cor do infinito.


Davia Mourão Ferreira

Bom Natal para todos.
O meu beijo especial de Natal vai para os que têm lugares vazios à mesa.

19 dezembro 2006

O espírito de Natal...

... chegou ao Governo. Num gesto de "cortesia", Sócrates enviou uma carta e pareceres de juristas ao Tribunal Constitucional para dar uma ajudinha.
Quem é amigo, quem é?
Ou será que o Governo considera esse Orgão de Soberania incapaz de trabalhar sem a sua ajuda?
É o país que temos...

16 dezembro 2006

Arte com flores

As flores colocadas nas janelas e varandas também ajudam a fazer deste prédio da Av. Montaigne, em Paris, uma obra de arte.

15 dezembro 2006

António Câmara

O Prémio Pessoa, um dos mais importantes galardões do país, atribuído anualmente a uma personalidade portuguesa com intervenção relevante na vida científica, artística ou literária, foi atribuído a António Câmara.
Finalmente a "vida científica" foi a escolhida.
"É muito curioso porque eu era estudante de engenharia civil do Instituto Superior Técnico e jogava ténis na selecção de juniores de Portugal. No quarto ano do Técnico decidi abandonar os estudos e dedicar-me a uma carreira profissional de ténis. Aconteceu que num programa de preparação física tive uma lesão grave que acabou com a minha carreira de tenista aos 21 anos e me fez voltar aos estudos."

http://expressoemprego.clix.pt/scripts/indexpage.asp?headingID=4601

Os corruptos poderosos...

... que se cuidem. Maria José Morgado voltou. E, com ela, a minha esperança que o combate à corrupção seja, finalmente, sério.

14 dezembro 2006

Para Natércia Freire





Malangatana

em "O Livro de Natércia"

13 dezembro 2006

Para ti, para sempre...

Para ti…, para sempre…,
porque, em silêncio, atenta me escutas,
partilhando minhas mágoas e segredos,
Para ti…, para sempre…, porque parceira fiel das minhas lutas,
porque guardiã de meus anseios e meus medos.

Para ti…, para sempre…, em cada instante de tristeza ou alegria,
uma flor e um poema… um beijo.
Para ti…, para sempre…, porque bálsamo da minha nostalgia,
porque leito onde se espraia o meu desejo.

Para ti…, para sempre…, sem ventos nem vagas em teu rio, s
em essa farsa que constrange e esvazia.
Para ti…, para sempre…, com a sede que eu só em ti sacio,
com o gosto com que te penso em cada dia.

Para ti…, para sempre…,
- em cada instante -,
esta entrega em que me dou,
neste prazer que é muito meu.
Para ti…, para sempre…,
- amigo, amante -,
sabendo que muito do que sou,
é teu.

Arnaldo Silva

12 dezembro 2006

Assim vão os nossos dinheiros

Recebi um postal de Boas Festas do Presidente da Câmara da minha área de residência. Belíssimo papel. Belíssima impressão. Coisa cara...
"... E o nosso grande desafio é o de acreditar que é possível (neste país até o impossível é possível), com o contributo e o empenho de cada um (o meu, claro), simplificar a vida (de quem?), desmistificá-la (como?), tornando simples o complicado (deve ser o simplex...), acessível o inacessível (estacionar o carro na Senhora da Hora para apanhar o metro), introduzindo novos objectivos (os políticos só conhecem um objectivo), novas regras em busca da eficácia e da excelência no trabalho realizado ao serviço dos cidadãos (ahahah)."
Que mal fiz eu a Deus para ele me castigar com esta Câmara e, ainda por cima, me obrigar a pagar este postal de hipócritas Boas Festas que eu não queria receber?

O berço da nacionalidade

É sempre um prazer visitar Guimarães. Cidade deliciosa que nasceu assim...
No século X, a Condessa Mumadona Dias, tia do Rei Ramiro II de Leão e viúva do Conde Hermenegildo Gonçalves, manda construir na sua terra Vimaranes o convento de frades e freiras que se tornou num pólo de atracção e de fixação populacional. Para sua defesa, Mumadona manda erguer o Castelo, entre os anos de 959 e 968.
A então villa Vimaranes desenvolve-se em volta destes dois pólos dinamizadores: o Convento de Santa Clara e o Castelo.No século XI o rei Afonso VI de Leão e Castela entrega o governo da Província Portucalense ao Conde D. Henrique, que para aqui vem viver. Este casa-se com D. Teresa (filha ilegítima de D. Afonso IV). Desta união nasce, em 1111, aquele que viria a tornar-se o primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques.

11 dezembro 2006

Comparar o imcomparável

Podemos ainda votar nas sete maravilhas do mundo (http://www.new7wonders.com/) e nas sete maravilhas de Portugal (http://www.7maravilhas.pt/index.html).
Analisando as 21 hipóteses de cada votação, tirei algumas conclusões. Conheço muito pouco do mundo e não conheço tudo de Portugal mas, com o que conheço, tenho o direito à indignação.
Colocar o Cristo Redentor do Rio de Janeiro ou a Estátua da Liberdade de Nova Iorque no mesmo pé que o Coliseu de Roma ou o Palácio de Alhambra parece-me, no mínimo, descabido. Se Lluis Domènech i Montaner, que nos deixou o Palácio da Música Catalã, não tivesse morrido, morreria agora com certeza. Considerar a hipótese de o Cristo Redentor ser uma das 7 (sete) maravilhas do mundo e ignorar o Palau de la Musica Catalana é de bradar aos céus. E como Domènech, muitos outros génios devem estar às voltas no túmulo.
Já os 21 escolhidos, dos 793 monumentos nacionais classificados pelo IPPAR, para as 7 maravilhas de Portugal parece-me bem mais equilibrada. Para votar ainda só eliminei duas: a Fortaleza de Sagres e a Torre de S. Vicente de Belém mas ainda tenho mais de 200 dias.

10 dezembro 2006

Portugal no seu melhor

Como é possível que ao fim de décadas de governação, Alberto João Jardim continue tão burgesso, tão mal educado, tão saloio, tão grosseiro, tão ordinário, tão inculto, tão rústico, tão reles, tão pouco polido... Nestes mais de trinta anos, Alberto João Jardim só aprendeu a fazer "lindos" com o nosso dinheiro.
Por que será que tudo é permitido a Alberto João Jardim?
A que se deve o silêncio de todos os polílitos, de todos os quadrantes, perante as bacoradas deste cromo?

09 dezembro 2006

Uma grande mulher do Porto


Guilhermina Suggia (Porto, 1885-1950) é considerada como uma das primeiras figuras entre os violoncelistas mundiais.
Com apenas 7 anos fez a sua primeira apresentação pública e com 12 anos já fazia parte da Orquestra do Porto.
Viveu muitos anos em Londres e, muito apreciada em Inglaterra, tocou algumas vezes para a família real inglesa.
Em 1923, Augustus John pintou o retrato de Guilhermina Suggia que se encontra na Tate Gallery.

08 dezembro 2006

Um Gaudi diferente


A mão de Gaudi na Fonte da Cascata no Parc de la Ciutadela. Cavalos alados com cauda de serpente enpinam-se sobre a cascata enquanto querubins brincam entre jactos de água.

07 dezembro 2006

Pontos nos ii

É com mágoa que vimos anunciar-lhe o fecho da revista pontosnosii” - começa uma carta que recebi hoje.
E é com mágoa que vejo fechar a revista pontosnosii.
Uma revista na área da Educação, nesta altura e neste país, não consegue público que garanta a sua sobrevivência económica?!!!
Simultaneamente os professores sustentam umas largas dezenas de sindicatos anquilosados cujos dirigentes, professores que não entram numa sala de aula há décadas, defendem a todo o custo os seus pelouros, fora da escola, apregoando defender os direitos da classe.
Possivelmente os professores têm o que merecem.

05 dezembro 2006

Instituto de Odivelas

Dos 10 aos 15 anos fui aluna do Instituto de Odivelas.

Lembranças boas, lembranças más, amizades que ficaram...

Visitando hoje a página do IO, senti-me privilegiada por ter vivido 5 anos no meio desta beleza. Vejam...

http://www.exercito.pt/portal/exercito/_specific/public/allbrowsers/asp/default.asp?stage=1

04 dezembro 2006

Meninos gordos: Uma vida que deu circo


Os irmãos Perrero, Mateus e Ana, piemonteses, teriam tido uma vida igual a tantos outros nascidos na primeira metade do século XIX, não fora a sua extrema obesidade. Estavam longe de se imaginarem, um dia, representados em peças de faiança que, ainda hoje, fazem as delícias dos colecionadores.

http://www.ipmuseus.pt/IPM.2K4.Web.BackOffice/Gallery/Noticias/Meninos%20Gordos%20II.pdf

O começo...

Alguém quis que o poliscópio nascesse.
Bim vindo!
Vai ter vida longa... tem bons padrinhos...

03 dezembro 2006

As marcas do tempo

"... Eu olhava para o corpo de Hannah, repousado ao pé de mim. A pele, aqui e ali, fazia lembrar já o pergaminho mas isso não me afastava dela. Sentia uma espécie de respeito, um respeito que se tem por uma coisa que se enriqueceu com o lento trabalho do tempo e, por isso, ressuma paz, serenidade, ternura e a sabedoria de quem foi capaz de testemunhar histórias de generosidade, de dor, de prazer. Os meus olhos não conseguiam separar aquele corpo do tempo que o tinha feito assim e enternecia-me com aquelas rugas, com aquelas marcas de filhos gerados, com aquele peito caído como uma vénia a quem está pronto a amá-lo. Tive um arrepio de comoção e disse-lhe:
- É tão bonito um corpo assim como o teu, assim escrito com as coisas do tempo e da vida..."

Devíamos ser capazes de assistir ao envelhecimento dos que nos são queridos com esta visão de Alçada Baptista.