Lembro-me da primeira vez que vi a Maria Manuel, em 1977,
como se fosse hoje. Ela ia ser a minha orientadora de estágio. Foi uma óptima
orientadora e ela e o João Clemente tornaram-se meus grandes amigos. Fizemos
muitas férias juntos no Algarve; as minhas três filhas e as duas deles, que formavam
uma escadinha alinhada, fartaram-se de brincar juntas.
Era um casal que eu apreciava muitíssimo. Nele admirava
fundamentalmente o humor, nela a inteligência e a cultura, em ambos a esmerada
educação e a maneira admirável como geriam a relação dos dois, que era de
dependência mútua, apesar de serem o oposto um do outro.
Há poucos anos, o João deixou-nos. Ficou uma saudade
grande em todos os amigos, mas a Maria Manuel que eu sempre conheci acabou
naquele dia. Julgo que ela desistiu de viver quando lhe faltou o João.
Hoje fui-me despedir dela pela última vez. O Manel Zé, ou
D. Manuel Clemente ou Cardeal Patriarca, celebrou a Eucaristia, como tinha
feito na despedida do irmão. Agora a Maria Manuel e o João estão novamente juntos.
Estive a ver fotografias nossas em momentos felizes que
passámos juntos no Porto, no Algarve e no Marco de Canaveses. Esses momentos ficarão
sempre comigo.
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