05 fevereiro 2007

Ninguém venha me dar Vida

Ninguém venha me dar vida,
que estou morrendo de amor,
que estou feliz de morrer,
que não tenho mal nem dor,
que estou de sonho ferido,
que não me quero curar,
que estou deixando de ser
e não quero me encontrar,
que estou dentro de um navio
que sei que vai naufragar,
já não falo e ainda sorrio,
por que está perto de mim
o dono verde do mar
que busquei desde o começo,
e estava apenas no fim.
Corações por que chorais?
Preparai meu arremesso
para as algas e os corais.
Fim ditoso, hora feliz:
guardai meu amor sem preço,
que só quis quem não me quis.
Cecília Meireles

1 comentário:

Anónimo disse...

bom comeco