A mulher dos cabelos brancos estava à janela do primeiro andar
com os antebraços poisados na parapeito.
Tinha um xaile de malha sobre os ombros,
cruzado à frente e as mãos metidas nele.
Quentinha, a mulher dos cabelos brancos.
Postada à janela,
muito ocupada em fazer coisa nenhuma,
com os antebraços poisados no parapeito,
a mulher dos cabelos brancos
só seguia com os olhos quem passava na rua.
Ela nunca tinha ouvido falar no Aristóteles,
nem no Descarte, nem no Sigmund Freud,
mas sabia coisas concretas que a vida prática lhe ensinara.
Sabia que Eva tinha sido feita
de uma costela de Adão,
o que se prova
por os homens terem uma costela a menos do que as mulheres.
E também sabia que o Sol anda à volta da Terra
como é evidente,
e que as salamandras vivas,
postas no fogo,
não morrem nem sequer se queimam,
o que não é evidente mas é certo.
E por saber todas estas coisas,
e muito mais,
a mulher dos cabelos brancos sentia-se muito quentinha
com os antebraços poisados no parapeito.
Eis que, porém,
o relógio do tempo despertou-a.
Então,
pausadamente,
a mulher dos cabelos brancos ergueu o busto,
fechou a janela,
e foi sentar-se na cadeira do costume,
aconchegadinha,
a ver televisão.
António Gedeão
As mulheres de cabelos brancos, pintados ou não de outra cor, nos dias de hoje não podem ficar à janela nem se podem contentar com o lixo que a televisão lhes dá.
Hoje, as mulheres e homens de cabelos brancos pertencem a uma nova idade que nada tem a ver com a retratada por António Gedeão neste seu poema. Estas novas mulheres e estes novos homens de cabelos brancos, que já adquiriram toda uma sabedoria de vida, têm de olhar mais para qualidade da sua vida e, para isso, precisam de:
• Actividades culturais de elevado nível.
• Promover o seu bem-estar físico e mental.
• Estímulos para actividades criativas.
• Acesso às áreas mais modernas do conhecimento.
• Desenvolver novas relações sociais e de amizade.
• Fazer visitas e viagens de estudo.
• Informação constante na procura de uma melhor qualidade de vida.
Tudo isto eles encontram na Universidade Sénior Florbela Espanca que, no dia 4 de Outubro, tem a sua sessão de abertura do ano lectivo 2010-2011, às 15 horas, no Orfeão de Matosinhos.
Lá estarei para, também, fazer a reportagem fotográfica que depois todos podem ver aqui.
2 comentários:
Adorei! Bela poesia e óptima aplicação do seu conteúdo. Não imaginas como me estão a fazer falta as aulas... e logo agora que parece que vou ser tua aluna
Gaivota Maria
Tinha que começar a minha campanha pró-USFE.
Quanto so seres minha aluna... deixa-me rir. Eu já não sou professora, graças a Deus.
beijo
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