05 maio 2007

A vertigem das palavras inperfeitas

Este é o título do novo livro de poemas do Arnaldo Silva que foi lançado ontem.
Sou dos privilegiados que conhecem o Nónó há muitos anos e que pode contar com a sua amizade, o que aliás é recíproco.
Já aqui publiquei um dos seus poemas.
O Nónó é um Homem invulgar, excepcional a todos os níveis, com uma sensibilidade comovente e com quem eu adoro conversar. Pena que o nosso tempo não permita mais tempo de conversa...
Aqui deixo um poema deste novo livro.

A espera (in)determinada


(... por isso aqui estou de corpo e alma
feitos da íntima esperança
de - por um momento que seja -
nos voltarmos a encontrar...

... que da espera e da tardança
não haverei nunca de desesperar...)

Para quê calar ou esconder
o tudo quanto eu penso e que não digo?
Para quê negar ou rebater
esta vontade aberta de falar contigo?

Por uma vez - é certo -
já falei.

Por isso não desespero

e aguardo - tendo de ser -
o tempo que for precciso...

... e crente por confissão
só me resta acreditar
que há-de vir - se puder...

Se vier
- como espero -
quando chegar cá estarei.

Se não
pensarei comigo:
"Ainda não pôde!"

... E como já estava à espera
nada se altera...

... esperarei!...

Um beijo, Nónó, e a minha amizade incondicional

2 comentários:

Anónimo disse...

Este poema fez-me lembrar algo que tinha para aí arrumado na gaveta dos meus pensamentos...

"ESPERA AÍ....

Espera aí, meu Amor... não fales ainda... encosta aqui a tua cabeça e ouve os sinos que brincam dentro do meu peito... enquanto os meus dedos contam, a medo, como se temessem tirar-lhes o perfume, os cabelos que te enfeitam!... Espera aí... um momento ainda... Deixa o silêncio destas horas em que estás ausente, ser o casulo que nos envolve e do qual brotará, passado que seja o tempo dum inverno, a borboleta colorida do nosso querer!... Não sejas impaciente, minha querida!... Espera um pouco ainda... Tenho tanto para te sentir!... Sabes? Na beleza das coisas que me dás, encontro o ponto onde me desvaneço, para não existires senão tu!... Encontro a força que me leva ao arrepio do meu próprio destino!... Ou será que assim não é?... Ou será que o meu destino acaba onde tu começas?... Tem paciência, meu Amor!... Hoje, não quero ouvir-te! Hoje não quero senão ter-te, assim, feita uma cornucópia de felicidade, nas curvas da qual nos perderemos!... Para nos encontrarmos!..."

GP disse...

Boa, anónimo!
Feliz a mulher para quem estas palavras foram escritas... Se calhar nem as apreciou...