"Dispomos de todas as possibilidades, da mais absoluta liberdade de escolha. Como num livro, onde cada letra permanece para sempre na página, a nossa consciência tem o direito de decidir o que quer ler e o que prefere deixar de parte." (Richard Bach)
30 março 2009
O'QueStrada

Depois entraram no palco uns cromos imperdíveis. Os O’QueStrada.
O primeiro vestia calças azul-celeste uma mão-travessa acima da meia branca e do sapato beije. Casaco azul-escuro de risca clara, muito justo e pouco abaixo da cintura. O segundo começava no palco e acabava lá em cima… muito longe. Muito alto e magro, nariz adunco, cabelo desgrenhado e com uns botins pretos bicudos e imensos…
O terceiro vestia fato claro e colete preto. O cabelo liso caía-lhe pelos ombros e a parte de cima estava apanhada atrás.
O quarto era o que apresentava um ar mais composto. Calça azul-escura com lista lateral clara e cabelo loiro e … nem sei que palavra utilize… talvez… normal.
A vocalista trazia um vestido de alças com padrão anos 60, o cabelo atabalhoadamente apanhado e uma flor cor de laranja ao pé da orelha.
Os instrumentos eram do mais variado que imaginar se possa. Guitarra eléctrica, guitarra mascarada de violino, violino tocado como guitarra, piano eléctrico, instrumentos de sopro, bateria, ... e violoncelo. Vou descrever este último: um balde plástico virado ao contrário donde saía a corda presa a um pau de vassoura. Segurando a corda contra o pau de vassoura em diferentes posições, o jovem percutia a corda e o som era magnífico. A bateria consistia numa cadeira com as costas cortadas em cima. Num dos lodos estava um prego onde o “comprido” suspendia um prato; no outro uma tampa de um tacho estava pregada com um prego e a trave do encosto da cadeira fazia as vezes de “tambor”. Tudo isto se tocava com dois piassabas. Dos antigos. Legítimos.
O ar compenetrado com que gozaram com tudo e com todos esteve na proporção do gozo com que os ouvimos e vimos, já que vê-los é meio espectáculo.
Um espectáculo imperdível que adorei. Valeu!
"O'QueStrada envolve-nos numa boémia suburbana a que, à falta de melhor, chama fado dos subúrbios ou o fado do emigrante."
Quem quiser ouvir e ver os O’QueStrada clique aqui e aqui.
29 março 2009
Museu de Arte Antiga
Depois de uma visita ao Museu de Arte Antiga, almocei nos jardins com a sombra deliciosa destes verdes, na companhia de uma Amiga linda que comigo partilhou, há muito tempo, cinco anos no Instituto de Odivelas e hoje partilha a Amizade.
24 março 2009
Lisboa Menina e Moça
"No castelo, ponho um cotovelo
Em Alfama, descanso o olhar
E assim desfaz-se o novelo
De azul e mar
À ribeira encosto a cabeça
A almofada, na cama do Tejo
Com lençóis bordados à pressa
Na cambraia de um beijo
Lisboa menina e moça, menina
Da luz que meus olhos vêem tão pura
Teus seios são as colinas, varina
Pregão que me traz à porta, ternura
Cidade a ponto cruz bordada
Toalha à beira mar estendida
Lisboa menina e moça, amada
Cidade mulher da minha vida
No terreiro eu passo por ti
Mas da graça eu vejo-te nua
Quando um pombo te olha, sorri
És mulher da rua
E no bairro mais alto do sonho
Ponho o fado que soube inventar
Aguardente de vida e medronho
Que me faz cantar
Lisboa menina e moça, menina
Da luz que meus olhos vêem tão pura
Teus seios são as colinas, varina
Pregão que me traz à porta, ternura
Cidade a ponto cruz bordada
Toalha à beira mar estendida
Lisboa menina e moça, amada
Cidade mulher da minha vida
Lisboa no meu amor, deitada
Cidade por minhas mãos despida
Lisboa menina e moça, amada
Cidade mulher da minha vida"
Amanhã de manhã vou até à capital. Para a semana cá estarei de novo.
Um bom fim de semana.
Em Alfama, descanso o olhar
E assim desfaz-se o novelo
De azul e mar
À ribeira encosto a cabeça
A almofada, na cama do Tejo
Com lençóis bordados à pressa
Na cambraia de um beijo
Lisboa menina e moça, menina
Da luz que meus olhos vêem tão pura
Teus seios são as colinas, varina
Pregão que me traz à porta, ternura
Cidade a ponto cruz bordada
Toalha à beira mar estendida
Lisboa menina e moça, amada
Cidade mulher da minha vida
No terreiro eu passo por ti
Mas da graça eu vejo-te nua
Quando um pombo te olha, sorri
És mulher da rua
E no bairro mais alto do sonho
Ponho o fado que soube inventar
Aguardente de vida e medronho
Que me faz cantar
Lisboa menina e moça, menina
Da luz que meus olhos vêem tão pura
Teus seios são as colinas, varina
Pregão que me traz à porta, ternura
Cidade a ponto cruz bordada
Toalha à beira mar estendida
Lisboa menina e moça, amada
Cidade mulher da minha vida
Lisboa no meu amor, deitada
Cidade por minhas mãos despida
Lisboa menina e moça, amada
Cidade mulher da minha vida"
Amanhã de manhã vou até à capital. Para a semana cá estarei de novo.
Um bom fim de semana.
22 março 2009
Dia Mundial da Água
A Assembeia-geral das Nações Unidas criou o Dia Mundial da água. Exactamente hoje, 22 de Março.
Segundo a ONU, a escassez de água já atinge 2 biliões de pessoas e esse número pode duplicar em menos de 20 anos.
Realizou-se esta semana o V Fórum Mundial da Água, em Istambul, sem acordo a respeito da noção de "direito ao acesso à água". Era bom que os homens tomassem consciência do grave problema problema da escassez de água.
Lar mais aqui.
21 março 2009
Ser Poeta
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
Florbela Espanca
(porque hoje é dia 21 de Março)
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
Florbela Espanca
(porque hoje é dia 21 de Março)
17 março 2009
Cartas a Lucílio
Livro I (Cartas 1 a 12)
1
“Procede deste modo, caro Lucílio: reclama o direito de dispores de ti, concentra e aproveita todo o tempo que até agora te era roubado, te era subtraído, que te fugia das mãos. Convence-te de que as coisas são tal como as descrevo: uma parte do tempo é-nos tomada, outra parte vai-se sem darmos por isso, outra deixamo-la escapar. Mas o pior de tudo é o tempo desperdiçado por negligência. Se bem reparares, durante grande parte da vida agimos mal, durante a maior parte não agimos nada, durante toda a vida agimos inutilmente.
Podes indicar-me alguém que dê o justo valor ao tempo, aproveite bem o seu dia e pense que diariamente morre um pouco? É um erro imaginar que a morte está à nossa frente: grande parte dela já pertence ao passado, toda a nossa vida pretérita é já do domínio da morte!
Procede, portanto, meu caro Lucílio, conforme dizes: preenche todas as tuas horas! Se tomares nas mãos o dia de hoje conseguirás depender menos do dia de amanhã. De adiamento em adiamento, a vida vai-se passando.
Nada nos pertence, Lucílio, só o tempo é mesmo nosso. A natureza concedeu-nos a posse desta coisa transitória e evanescente da qual quem quer que seja nos pode expulsar. É tão grande a insensatez dos homens que aceitam prestar contas de tudo quanto – mau grado o seu valor mínimo, ou nulo, e pelo menos certamente recuperável – lhes é emprestado, mas ninguém se julga na obrigação de justificar o tempo que recebeu, apesar de este ser o único bem que, por maior que seja a nossa gratidão, nunca podemos restituir.
Talvez te apeteça perguntar como procedo eu, que te dou todos estes preceitos. Dir-te-ei com franqueza: como alguém que vive bem, mas sem esbanjamento. Tenho as minhas contas em dia! Não te posso dizer que nunca perco tempo, mas sei dizer-te quanto, porquê e de que modo o perco. Posso prestar contas da minha pobreza. A mim, porém, sucede-me o mesmo que a muitos que, sem culpa própria, ficaram reduzidos à miséria: todos perdoam mas ninguém ajuda.
Que mais há a dizer? Não considero pobre aquele a quem basta o poucochinho que tem. Prefiro, contudo, que tu preserves os teus bens e que o comeces a fazer quanto antes. Conforme diziam os nossos maiores, ‘já vem tarde a poupança quando o vinho está no fundo.’ É que o que fica no fundo, além de ser muito pouco, são apenas as borras.
Adeus”
Bela lição nos vem do tempo do Império Romano, pelas palavras de Lúcio Aneu Séneca!
1
“Procede deste modo, caro Lucílio: reclama o direito de dispores de ti, concentra e aproveita todo o tempo que até agora te era roubado, te era subtraído, que te fugia das mãos. Convence-te de que as coisas são tal como as descrevo: uma parte do tempo é-nos tomada, outra parte vai-se sem darmos por isso, outra deixamo-la escapar. Mas o pior de tudo é o tempo desperdiçado por negligência. Se bem reparares, durante grande parte da vida agimos mal, durante a maior parte não agimos nada, durante toda a vida agimos inutilmente.
Podes indicar-me alguém que dê o justo valor ao tempo, aproveite bem o seu dia e pense que diariamente morre um pouco? É um erro imaginar que a morte está à nossa frente: grande parte dela já pertence ao passado, toda a nossa vida pretérita é já do domínio da morte!
Procede, portanto, meu caro Lucílio, conforme dizes: preenche todas as tuas horas! Se tomares nas mãos o dia de hoje conseguirás depender menos do dia de amanhã. De adiamento em adiamento, a vida vai-se passando.
Nada nos pertence, Lucílio, só o tempo é mesmo nosso. A natureza concedeu-nos a posse desta coisa transitória e evanescente da qual quem quer que seja nos pode expulsar. É tão grande a insensatez dos homens que aceitam prestar contas de tudo quanto – mau grado o seu valor mínimo, ou nulo, e pelo menos certamente recuperável – lhes é emprestado, mas ninguém se julga na obrigação de justificar o tempo que recebeu, apesar de este ser o único bem que, por maior que seja a nossa gratidão, nunca podemos restituir.
Talvez te apeteça perguntar como procedo eu, que te dou todos estes preceitos. Dir-te-ei com franqueza: como alguém que vive bem, mas sem esbanjamento. Tenho as minhas contas em dia! Não te posso dizer que nunca perco tempo, mas sei dizer-te quanto, porquê e de que modo o perco. Posso prestar contas da minha pobreza. A mim, porém, sucede-me o mesmo que a muitos que, sem culpa própria, ficaram reduzidos à miséria: todos perdoam mas ninguém ajuda.
Que mais há a dizer? Não considero pobre aquele a quem basta o poucochinho que tem. Prefiro, contudo, que tu preserves os teus bens e que o comeces a fazer quanto antes. Conforme diziam os nossos maiores, ‘já vem tarde a poupança quando o vinho está no fundo.’ É que o que fica no fundo, além de ser muito pouco, são apenas as borras.
Adeus”
Bela lição nos vem do tempo do Império Romano, pelas palavras de Lúcio Aneu Séneca!
14 março 2009
12 março 2009
10 março 2009
07 março 2009
THE
Hospital de S. Sebastião
Estive estes dias com uma tia minha (a única que resta e que já tem 85 anos) que foi operada às cataratas no Hospital de S. Sebastião, em Santa Maria da Feira. Foi a segunda vez que a acompanhei e não posso deixar de elogiar o Serviço de Oftalmologia do Hospital. Humanidade, pontualidade, calma e eficiência são a marca deste serviço.
Presto aqui a minha homenagem a todos os profissionais com que, por duas vezes, contactei.
Se todos os serviços, de todos os hospitais funcionassem assim, bem ia a saúde em Portugal.
Presto aqui a minha homenagem a todos os profissionais com que, por duas vezes, contactei.
Se todos os serviços, de todos os hospitais funcionassem assim, bem ia a saúde em Portugal.
02 março 2009
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