"Dispomos de todas as possibilidades, da mais absoluta liberdade de escolha. Como num livro, onde cada letra permanece para sempre na página, a nossa consciência tem o direito de decidir o que quer ler e o que prefere deixar de parte." (Richard Bach)
25 abril 2009
25 de Abril
O 25 de Abril, para mim, é o dia do aniversário de casamento dos meus pais que já não comemoro porque o meu pai, infelizmente, já morreu.
Vejo hoje muita comemoração e muita festa pelo outro 25 de Abril. Falam nos valores de Abril. Mas quais são os valores de Abril? Os que eu vejo hoje? Então perdeu-se uma oportunidade única.
Já era uma mulher casada, mãe de duas filhas e grávida da terceira quando se deu o 25 de Abril. Trabalhava e vivia em Lisboa nessa altura. Falo, portanto com o conhecimento de quem viveu, enquanto adulta, antes do 25 de Abril, esse dia e os que se lhe seguiram. Esse dia foi vivido com alegria e muita expectativa. Mas essa alegria depressa começou a esmorecer. Os tempos após o 25 de Abril não foram fáceis. Nada fáceis mesmo.
É pena que quando se fala de Abril a quem não o viveu, não se lhes conte tudo. Não se lhes fale de todas as injustiças e arbitrariedades que se cometeram. Não se lhes explique todas estas datas. Não se lhes explique que a “pesada herança” deixada por Salazar foi desbaratada sem que com ela se tivesse feito algo de bom por Portugal. Não se lhes explique que foram fabricados heróis que, a meu ver, nunca o foram. Não se lhes explique o que foi e para que serviu o COPCON liderado por Otelo Saraiva de Carvalho. Não se lhes explique como foi feita a descolonização. Não se lhes mostre o que a televisão mostrou da “guerra” do 11 de Março. E tantos, tantos acontecimentos que os portugueses pretendem esconder da História. Mas a História não se apaga.
Portugal tem maltratado os que, estiveram no Ultramar a lutar pela Pátria cumprindo ordens dos seus superiores. Não discuto a justeza dessas ordens. Mas as ordens eram para cumprir. E aos que as cumpriram, os portugueses nunca agradeceram. Houve os que fugiram do país. Alguns para passarem maus momentos, outros para exílios dourados. Muitos entenderam não fugir do seu país e das suas obrigações enquanto cidadãos portugueses.
Não foi este Portugal que eu aspirei no dia 25 de Abril de 2005 mas foi este o Portugal que eu previ nos tempos que se lhes seguiram. A educação, a justiça, a política,… que hoje temos não são, de forma nenhuma, motivos de comemoração.
Salazar existiu. Nada o apaga da nossa História. E também teve momentos altos na sua carreira. Temos que olhar, com independência, para toda a História do nosso país. Por que ter medo de um museu dedicado a Salazar ou da inauguração de uma renovada praça na sua terra? A Salazar, eu tenho que agradecer o facto de não ter enriquecido à custa dos portugueses nem ter deixado que os seus políticos o fizessem. Isso não posso dizer da grande maioria dos políticos de hoje.
Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
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6 comentários:
Adorei tudo neste post. Mas a do POPCON parece-me ser a melhor!... Só falta um pedacinho para ser... POPCORN...
Desejo-te uma dia bom.
Com muitos beijinhos.
:)
Rubrico tudo quanto escreveste. Só me distingo de ti por uma coisa. No dia 25 de Abri fiquei em estado de expectativa e de receio. Nunca ne acreditei que meia dúzia de militares ajudados por uma parte de portugueses que só sabia destilar ódio pudesse transformar este país em algo de bom. Foi isso que me fez entrar depois em manifs, palmilhar Kms aos berros e até em pensar fugir do país. Logo no princípio temi a insegurança e o oportunismo. Os mais politizados souberam apropriar-se do país e o resto foi-se amochando e levando com eles em cima. O resultado está à vista. beijinho
Magalhães Pinto
Boa! Já está corrigido.
Beijinho
Tinta Azul
Não tem sido nada mau o meu dia. Comparado com o que passei nos últimos, até foi óptimo.
Beijinho grande
Gaivota Maria
Eu ainda fui crente nos primeiros dias. O 25 de Abril, para mim, ainda não foi explicado. Não acredito que a PIDE, tão treinada, deixasse tudo acontecer assim. Parece uma acção combinada. Mas... adiante.
Beijinho
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