16 fevereiro 2011

Ternura


Puxo sobre os teus ombros o lençol
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do Sol,
quando depois do Sol não vem mais nada...

Olho a roupa no chão: que tempestade!
Há restos de ternura pelo meio
como vultos perdidos na cidade
em que uma tempestade sobreveio...

Começas a vestir-te lentamente,
e é ternura também que vou vestindo
para enfrentar lá fora aquela gente

que da nossa ternura anda sorrindo...
Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!


David Mourão-Ferreira

6 comentários:

mfc disse...

Ele é um poeta de uma sensualidade única!
Adoro todas as suas palavras.
É o meu poeta contemporâneo de eleição.

Gaivota Maria disse...

So mesmo o David Mourão-Ferreira
para escrever tão ao coração das mulheres. Quem te deu a Rosa? Linda! E de um vermelho só paixão...BJ

Anónimo disse...

sólo un alma sensible puede elegir un poema tan hermoso.

Alvaro

GP disse...

mfc
Muito bom gosto. É mesmo um poeta de eleição.
beijo

GP disse...

Gaivota Maria
Canta a canção que as mulheres gostam de ouvir.
Uma rosa é sempre uma rosa e o vermelho é sempre paixão. Quando fores grande digo-te quem me deu a rosa...

beijo

GP disse...

Alvaro
Era uma alma sensível e o poema é mesmo "hermoso".