O Sonho
Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia a dia.
Chegamos? Não chegamos?
Partimos. Vamos. Somos.
Sebastião da Gama
Sonha...
Agarra um sonho
Como quem pega uma criança...
E faz dele realidade...
Uma esperança...
Uma cidade
Perdida
No sítio onde os sonhos
Se tornam de verdade...
Prende-o no peito
Com alfinete de marfim...
Com jeito...
Assim...
Uma prenda bem guardada,
Querida...
Amorosa...
E enquanto todos correm
À procura de nada,
Faz do teu sonho
A razão da tua Vida...
A tua lenda encantada...
Magalhães Pinto
"Dispomos de todas as possibilidades, da mais absoluta liberdade de escolha. Como num livro, onde cada letra permanece para sempre na página, a nossa consciência tem o direito de decidir o que quer ler e o que prefere deixar de parte." (Richard Bach)
30 novembro 2006
28 novembro 2006
Lamentavelmente é assim...

A primeira reacção foi de crítica e imediatamente me lembrei de um casal que passou um fim-de-semana no Hotel dos Templários com dois filhos, gémeos, de 10 meses. Quando da marcação os pais ouviram: “As crianças são sempre bem vindas a este hotel”. Todo o pessoal do hotel foi extremamente prestável atendendo todos os pedidos com um sorriso. De uma gentileza inexcedível.
Depois lembrei-me das crianças e jovens mal-educados que já se cruzaram no meu caminho e cujo número aumenta à medida que o tempo passa.
Marçal Grilo diz no livro “Difícil é sentá-los” - “Quem julgar que a escola resolve todos os problemas da sociedade moderna, comete um erro enorme. Enorme. A escola é apenas um dos elementos com que podemos contar, e como há escolas boas, há escolas más, jornais bons e maus, televisões boas e más. Não se queira, quando há um problema, responsabilizar a escola. E os pais?”
Então compreendi que, enquanto não se educarem os pais, a opção dos hotéis portugueses é lamentavelmente aceitável.
26 novembro 2006
24 novembro 2006
24 de Novembro
Rómulo Vasco da Gama de Carvalho nasceu em Lisboa, na freguesia da Sé, a 24 de Novembro de 1906. Da mãe, que só tinha a instrução primária, herdou a paixão pela literatura.
Estudou Ciências Fisico-Químicas na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e Ciências Pedagógicas na Faculdade de Letras da cidade invicta.
Deu aulas no liceu Camões, em Lisboa, e depois, no liceu D. João III, em Coimbra.
Em 1956, após ter participado num concurso de poesia de que tomou conhecimento no jornal, publicou, aos 50 anos, o primeiro livro de poemas Movimento Perpétuo com o nome de António Gedeão. O professor de Física e Química, Rómulo de Carvalho, permaneceu no anonimato a que se votou.
Após 40 anos de ensino, em 1974, motivado em parte pela desorganização e falta de autoridade que depois do 25 de Abril tomou conta do ensino em Portugal, decidiu reformar-se.
Faria hoje 100 anos se a morte não no-lo tivesse roubado.
Desapareceu António Gedeão mas as suas armas secretas ficaram connosco.
O país homenageia-o com Dia Nacional da Cultura Científica.
A minha homenagem fica aqui.
Estudou Ciências Fisico-Químicas na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e Ciências Pedagógicas na Faculdade de Letras da cidade invicta.
Deu aulas no liceu Camões, em Lisboa, e depois, no liceu D. João III, em Coimbra.
Em 1956, após ter participado num concurso de poesia de que tomou conhecimento no jornal, publicou, aos 50 anos, o primeiro livro de poemas Movimento Perpétuo com o nome de António Gedeão. O professor de Física e Química, Rómulo de Carvalho, permaneceu no anonimato a que se votou.
Após 40 anos de ensino, em 1974, motivado em parte pela desorganização e falta de autoridade que depois do 25 de Abril tomou conta do ensino em Portugal, decidiu reformar-se.
Faria hoje 100 anos se a morte não no-lo tivesse roubado.
Desapareceu António Gedeão mas as suas armas secretas ficaram connosco.
O país homenageia-o com Dia Nacional da Cultura Científica.
A minha homenagem fica aqui.
.
Arma secreta
.
Tenho uma arma secreta
ao serviço das nações.
Não tem carga nem espoleta
mas dispara em linha recta
mais longe que os foguetões
não é Júpiter, nem Thor,
nem Snark ou outros que tais.
É coisa muito melhor
que todo o vasto teor
dos Cabos Canaverais.
A potência destinada
às rotações da turbina
não vem da nafta queimada,
nem é de água oxigenada
nem de ergóis de furalina.
Erecta, na noite erguida,
em alerta permanente,
espera o sinal da partida.
Podia chamar-se VIDA.
Chama-se AMOR, simplesmente.
ao serviço das nações.
Não tem carga nem espoleta
mas dispara em linha recta
mais longe que os foguetões
não é Júpiter, nem Thor,
nem Snark ou outros que tais.
É coisa muito melhor
que todo o vasto teor
dos Cabos Canaverais.
A potência destinada
às rotações da turbina
não vem da nafta queimada,
nem é de água oxigenada
nem de ergóis de furalina.
Erecta, na noite erguida,
em alerta permanente,
espera o sinal da partida.
Podia chamar-se VIDA.
Chama-se AMOR, simplesmente.
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22 novembro 2006
A uma amiga
"... A amizade começa como um acto sem continuidade, um salto. É um momento em que sentimos uma forte simpatia, um interesse, sentimos um afinidade em relação a uma pessoa. ...
«A amizade é uma filigrana de encontros». NInguém sabe antecipadamente se haverá ou não um encontro. ...
Um encontro é em si mesmo um momento de felicidade, de grande intensidade vital. É um momento em que compreendemos algo de nós próprios e do mundo. No encontro sentimos que a outra pessoa nos ajuda a caminhar na direcção correcta. ..."
Francesco Alberoni em A AMIZADE
«A amizade é uma filigrana de encontros». NInguém sabe antecipadamente se haverá ou não um encontro. ...
Um encontro é em si mesmo um momento de felicidade, de grande intensidade vital. É um momento em que compreendemos algo de nós próprios e do mundo. No encontro sentimos que a outra pessoa nos ajuda a caminhar na direcção correcta. ..."
Francesco Alberoni em A AMIZADE
21 novembro 2006
Avô e netas
19 novembro 2006
Ainda a Torre Agbar
18 novembro 2006
Torre Agbar
O arquitecto Jean Nouvel nasceu em França em 1945.
Recebeu em Frankfurt o Prémio Internacional de Arranha-Céus 2006 com a Torre Agbar em Barcelona.
Vale a pena ver a página da Torre
http://www.torreagbar.com/
bem como a de Jean Nouvel
http://www.jeannouvel.com/
Recebeu em Frankfurt o Prémio Internacional de Arranha-Céus 2006 com a Torre Agbar em Barcelona.
Vale a pena ver a página da Torre
http://www.torreagbar.com/
bem como a de Jean Nouvel
http://www.jeannouvel.com/
17 novembro 2006
17 de Novembro
Dia do não fumador.
Não aprovo nem a droga nem o tabaco mas...
Os drogados são doentes. Têm direito à droga. Têm o tratamento facilitado. Têm salas de chuto. São tratados como gente que precisa de ajuda.
Os fumadores são viciados. Não têm direito a desconto nos medicamentos de substituição da nicotina. Não se lhes facilita o tratamento (o Hospital Pedro Hispano recebeu ordens para encerrar o gabinete de apoio aos que queriam deixar de fumar). Não têm direito a salas de fumo... São tratados como marginais. Pura e simplesmente ostracisados.
Não entendo e, francamente, custa-me muito a aceitar.
Não aprovo nem a droga nem o tabaco mas...
Os drogados são doentes. Têm direito à droga. Têm o tratamento facilitado. Têm salas de chuto. São tratados como gente que precisa de ajuda.
Os fumadores são viciados. Não têm direito a desconto nos medicamentos de substituição da nicotina. Não se lhes facilita o tratamento (o Hospital Pedro Hispano recebeu ordens para encerrar o gabinete de apoio aos que queriam deixar de fumar). Não têm direito a salas de fumo... São tratados como marginais. Pura e simplesmente ostracisados.
Não entendo e, francamente, custa-me muito a aceitar.
15 novembro 2006
Para a minha mãe...
... em dia de aniversário, o meu beijo escrito.
A idade
A idade
Para começarmos...
Ou recomeçarmos
Para cairmos...
E nos levantarmos
Para nos encantarmos...
Ou desencantarmos
Para vivermos o amor...
Ou vencermos,
Com coragem,
A dor
Para que aos outros
Nos demos,
É sempre...
A idade que temos.
A idade
Para saborearmos
Um pôr do sol...
Para sonharmos...
E acordarmos
Para aprendermos...
E, com entusiasmo,
Ensinarmos
Para cantarmos...
Para sabermos
Viver a felicidade...
Para que aos outros
Nos demos,
É sempre...
A idade que temos
GP
A idade
A idade
Para começarmos...
Ou recomeçarmos
Para cairmos...
E nos levantarmos
Para nos encantarmos...
Ou desencantarmos
Para vivermos o amor...
Ou vencermos,
Com coragem,
A dor
Para que aos outros
Nos demos,
É sempre...
A idade que temos.
A idade
Para saborearmos
Um pôr do sol...
Para sonharmos...
E acordarmos
Para aprendermos...
E, com entusiasmo,
Ensinarmos
Para cantarmos...
Para sabermos
Viver a felicidade...
Para que aos outros
Nos demos,
É sempre...
A idade que temos
GP
14 novembro 2006
Bragança

A Domus Municiplalis é um monumento singular (e ainda enigmático) da arquitectura românica.
Já não estava em Bragança desde 1978. O progresso já lá chegou com tudo o que acarreta de positivo e negativo...
Mas os brigantinos continuam a ser pessoas extremamente hospitaleiras.
(Fotografia da página da Câmara Municipal de Bragança)
12 novembro 2006
Porque
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
Sophia de Mello Breyner Andresen
11 novembro 2006
O Principezinho
"...
- Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se recordar.
- Os homens esqueceram esta verdade. Mas tu não deves esquecê-la. Ficas para sempre responsável por aquele que cativaste. És responsável pela tua rosa.
- Sou responsável pela minha rosa, repetiu o principezinho, a fim de se recordar.
..."
- Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se recordar.
- Os homens esqueceram esta verdade. Mas tu não deves esquecê-la. Ficas para sempre responsável por aquele que cativaste. És responsável pela tua rosa.
- Sou responsável pela minha rosa, repetiu o principezinho, a fim de se recordar.
..."
Antoine de Saint Exupery e Consuelo, Um Amor Lendário
Todos temos os nossos pequenos rituais. O meu é oferecer a todos os bébés que nascem, na família ou na roda de amigos, o começo da sua biblioteca - O Principezinho. As coisas costumeiras dão os outros. Para mim é o livro dos livros com o qual aprendemos, a cada leitura, mais um pouco. Acompanha-nos da infância à velhice.
Na comemoração dos 60 anos da primeira edição de O Principezinho, foi lançado o livro
Antoine de Saint Exupery e Consuelo, Um Amor Lendário
Autor - Alain Vircondelet
Arquivos de José Martinez Fructuoso
Tradução de Manuel Ruas
Edotora - Teorema
Na comemoração dos 60 anos da primeira edição de O Principezinho, foi lançado o livro
Antoine de Saint Exupery e Consuelo, Um Amor Lendário
Autor - Alain Vircondelet
Arquivos de José Martinez Fructuoso
Tradução de Manuel Ruas
Edotora - Teorema
Florença
Valsinha
Um dia ele chegou tão diferente
Do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a de um jeito muito mais quente
Do que sempre costumava olhar
E não maldisse a vida tanto
Quanto era seu jeito de sempre falar
E nem deixou-a só num canto
P’ra seu grande espanto convidou-a para rodar
Então ela se fez bonita
Como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado
Cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços
Como há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça
Foram para a praça e começaram a se abraçar
E aí dançaram tanta dança
Que a vizinhança toda despertou
E foi tanta a felicidade
Que toda a cidade se iluminou
E foram tantos beijos loucos
Tantos gritos roucos como não se ouvia mais
Que o mundo compreendeu
E o dia amanheceu em paz
Vinicius de Moraes
Os brasileiros têm um jeito muito especial de cantar o Amor.
Grande Vinicius de Moraes! Grande Chico Buarque!
Do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a de um jeito muito mais quente
Do que sempre costumava olhar
E não maldisse a vida tanto
Quanto era seu jeito de sempre falar
E nem deixou-a só num canto
P’ra seu grande espanto convidou-a para rodar
Então ela se fez bonita
Como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado
Cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços
Como há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça
Foram para a praça e começaram a se abraçar
E aí dançaram tanta dança
Que a vizinhança toda despertou
E foi tanta a felicidade
Que toda a cidade se iluminou
E foram tantos beijos loucos
Tantos gritos roucos como não se ouvia mais
Que o mundo compreendeu
E o dia amanheceu em paz
Vinicius de Moraes
Os brasileiros têm um jeito muito especial de cantar o Amor.
Grande Vinicius de Moraes! Grande Chico Buarque!
09 novembro 2006
08 novembro 2006
Uma paixão moribunda
Uma vantagem de se ter cabelos brancos é a garantia de uma instrução primária equivalente a muitas das licenciaturas de hoje em dia. Quem teve a felicidade de fazer os primeiros anos de estudo quando ainda não havia pedagogias que condenassem a memorização, os castigos e a obrigatoriedade de trabalhar, deve dar-se por feliz. Não me consta que haja alguém traumatizado por ter sido obrigado a decorar a tabuada. E não havia crianças e jovens nos psicólogos ou pedo-psiquiatras como hoje.
GP
GP
Bernard Houot escreveu
"Dar aulas é, de facto, tão simples como falar 30 línguas ao mesmo tempo ou cantar sozinho uma partitura para 30 vozes".
em "Esta vida de professor"
em "Esta vida de professor"
06 novembro 2006
Quinta das Lágrimas
05 novembro 2006
Impressão digital
Os meus olhos são uns olhos,
e é com esses olhos uns,
que eu vejo no mundo escolhos,
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.
Quem diz escolhos, diz flores!
De tudo o mesmo se diz!
Onde uns vêem luto e dores,
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.
Pelas ruas e estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros gnomos e fadas
num halo resplandecente!!
Inútil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos!
Onde Sancho vê moinhos,
D. Quixote vê gigantes.
Vê moinhos? São moinhos!
Vê gigantes? São gigantes!
António Gedeão
e é com esses olhos uns,
que eu vejo no mundo escolhos,
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.
Quem diz escolhos, diz flores!
De tudo o mesmo se diz!
Onde uns vêem luto e dores,
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.
Pelas ruas e estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros gnomos e fadas
num halo resplandecente!!
Inútil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos!
Onde Sancho vê moinhos,
D. Quixote vê gigantes.
Vê moinhos? São moinhos!
Vê gigantes? São gigantes!
António Gedeão
Alguém escreveu
"Confesso que não desgosto nada de estar assim, a fazer de psicanalisado sem psicanalista, a tentar destrinçar a meada das herdadas construções do mundo que sinto enoveladas por dentro de mim. ... Estou com cinquenta e oito anos e tenho que reconhecer que passei a maior parte da minha vida a limpar o meu próprio terreno de construções clandestinas, de obras feitas sem licença... "
Alçada Baptista em O RISO DE DEUS
Gostaria de ter sido eu a escrever. Sairiam exactamente as mesmas palavras.
Alçada Baptista em O RISO DE DEUS
Gostaria de ter sido eu a escrever. Sairiam exactamente as mesmas palavras.
04 novembro 2006
Resende
Frases soltas que a net traz...
As nuvens são como os chefes. Quando desaparecem, o dia fica lindo!!!
A vida é para quem topa qualquer parada e não para quem pára em qualquer topada.
Se não puderes ajudar, atrapalha. Afinal o que importa é participar.
Sempre que puderes conversa com um saco de cimento. Nesta vida só devemos acreditar naquilo que um dia será concreto.
A vida é para quem topa qualquer parada e não para quem pára em qualquer topada.
Se não puderes ajudar, atrapalha. Afinal o que importa é participar.
Sempre que puderes conversa com um saco de cimento. Nesta vida só devemos acreditar naquilo que um dia será concreto.
03 novembro 2006
Mas mesmo quando o mundo parece desabar há que manter...
Dez reis de esperança
Se não fosse esta certeza
que nem sei de onde me vem,
não comia, nem bebia,
nem falava com ninguém.
Acocorava-me a um canto,
no mais profundo que houvesse,
punha os joelhos à boca
e viesse o que viesse.
Não fossem os olhos grandes
do ingénuo adolescente,
a chuva das penas brancas
a cair impertinente,
aquele incógnito rosto,
pintado em tons de aguarela,
que sonha no frio encosto
da vidraça da janela,
não fosse a imensa piedade
dos homens que não cresceram,
que ouviram, viram, ouviram,
viram, e não perceberam,
essas máscaras selectas,
antologia do espanto,
flores sem caule, flutuando
no pranto de desencanto,
se não fosse a fome e a sede
dessa humanidade exangue,
roía as unhas e os dedos
até os fazer em sangue.
António Gedeão
Se não fosse esta certeza
que nem sei de onde me vem,
não comia, nem bebia,
nem falava com ninguém.
Acocorava-me a um canto,
no mais profundo que houvesse,
punha os joelhos à boca
e viesse o que viesse.
Não fossem os olhos grandes
do ingénuo adolescente,
a chuva das penas brancas
a cair impertinente,
aquele incógnito rosto,
pintado em tons de aguarela,
que sonha no frio encosto
da vidraça da janela,
não fosse a imensa piedade
dos homens que não cresceram,
que ouviram, viram, ouviram,
viram, e não perceberam,
essas máscaras selectas,
antologia do espanto,
flores sem caule, flutuando
no pranto de desencanto,
se não fosse a fome e a sede
dessa humanidade exangue,
roía as unhas e os dedos
até os fazer em sangue.
António Gedeão
Há dias...
... para viver e dias para esquecer. Hoje foi definitivamente um dos últimos.
"O que resta? O que sobrou?,
do meu sonho lindo de criança?" - como escreveu num poema o meu amigo Arnaldo
"O que resta? O que sobrou?,
do meu sonho lindo de criança?" - como escreveu num poema o meu amigo Arnaldo
02 novembro 2006
01 novembro 2006
Um hino à Vida
A Vida
Na água do rio que procura o mar;
No mar sem fim; na luz que nos encanta;
Na montanha que aos ares se levanta;
No céu sem raias que deslumbra o olhar;
No astro maior, na mais humilde planta;
Na voz do vento, no clarão solar;
No insecto vil, no tronco secular,
— A vida universal palpita e canta!
Vive até, no seu sono, a pedra bruta . . .
Tudo vive! E, alta noite, na mudez
De tudo, — essa harmonia que se escuta
Correndo os ares, na amplidão perdida,
Essa música doce, é a voz, talvez,
Da alma de tudo, celebrando a Vida!
Olavo Bilac
Na água do rio que procura o mar;
No mar sem fim; na luz que nos encanta;
Na montanha que aos ares se levanta;
No céu sem raias que deslumbra o olhar;
No astro maior, na mais humilde planta;
Na voz do vento, no clarão solar;
No insecto vil, no tronco secular,
— A vida universal palpita e canta!
Vive até, no seu sono, a pedra bruta . . .
Tudo vive! E, alta noite, na mudez
De tudo, — essa harmonia que se escuta
Correndo os ares, na amplidão perdida,
Essa música doce, é a voz, talvez,
Da alma de tudo, celebrando a Vida!
Olavo Bilac
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