14 maio 2007

Ternura

Puxo sobre os teus ombros o lençol
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do Sol,
quando depois do Sol não vem mais nada...

Olho a roupa no chão: que tempestade!
Há restos de ternura pelo meio
como vultos perdidos na cidade
em que uma tempestade sobreveio...

Começas a vestir-te lentamente,
e é ternura também que vou vestindo
para enfrentar lá fora aquela gente

que da nossa ternura anda sorrindo...
Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!

David Mourão-Ferreira

2 comentários:

Ka disse...

Que poema delicioso!

Beijinho

GP disse...

ka
Também acho este poema delicioso.
Beijinho