Fico alegre porque saio.
Fico triste porque fujo.
De Lisboa a Bragança…
muita estrada, muito jovem…
muita aula, muita experiência…
muito teste, muita correcção…
… também muita preocupação…
Vivências únicas com jovens…
… de quem fui mãe, irmã, amiga…
com muita garra, com muito gozo…
Os tempos mudaram…
as reformas começaram a chover…
… a cântaros…
a escola que eu amei mudou
… para pior… muito pior…
Barafustei, avisei, escrevi, desisti…
Fui enxovalhada, insultada…
maltratada…
Pelos jovens fui aguentando…
agora… chega…
vou-me embora.
Ficam algumas amizades
e a gratidão de tantos jovens…
aqueles que me escrevem…
que pedem a assinatura nas fitas
quando chega a formatura.
Chegar ao fim acompanhando um grupo de jovens
por todo um ciclo…
Um sonho interrompido…
Saio triste… sem conseguir perdoar
a quem ousou matar o meu prazer na minha profissão.
Essa mágoa não morrerá…
Tenho assistido às exéquias fúnebres do ensino público…
mas gostei demasiado do que fiz
para assistir à sua morte… desculpem…
Fico alegre porque saio.
Fico triste porque fujo.
2 comentários:
"Fico alegre porque saio.
Fico triste porque fujo."
Querida Graça: Que síntese brilhante tu fizeste das razões e das circusntâncias que rodearam esta mudança!
Beijinhos.
mdsol
Uma nova fase da minha vida começa agora. A anterior não acabou como eu gostaria e, sem modéstia, merecia. Mas... que fazer?
Vou coleccionando as medalhas que os alunos me vão dando para satisfação do meu eu.
beijinho
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