26 novembro 2008

Alegria triste

Fico alegre porque saio.
Fico triste porque fujo.

De Lisboa a Bragança…
muita estrada, muito jovem…
muita aula, muita experiência…
muito teste, muita correcção…
… também muita preocupação…

Vivências únicas com jovens…
… de quem fui mãe, irmã, amiga…
com muita garra, com muito gozo…

Os tempos mudaram…
as reformas começaram a chover…
… a cântaros…
a escola que eu amei mudou
… para pior… muito pior…

Barafustei, avisei, escrevi, desisti…

Fui enxovalhada, insultada…
maltratada…
Pelos jovens fui aguentando…
agora… chega…
vou-me embora.

Ficam algumas amizades
e a gratidão de tantos jovens…
aqueles que me escrevem…
que pedem a assinatura nas fitas
quando chega a formatura.

Chegar ao fim acompanhando um grupo de jovens
por todo um ciclo…
Um sonho interrompido…
Saio triste… sem conseguir perdoar
a quem ousou matar o meu prazer na minha profissão.
Essa mágoa não morrerá…

Tenho assistido às exéquias fúnebres do ensino público…
mas gostei demasiado do que fiz
para assistir à sua morte… desculpem…

Fico alegre porque saio.
Fico triste porque fujo.

2 comentários:

mdsol disse...

"Fico alegre porque saio.
Fico triste porque fujo."

Querida Graça: Que síntese brilhante tu fizeste das razões e das circusntâncias que rodearam esta mudança!

Beijinhos.

GP disse...

mdsol
Uma nova fase da minha vida começa agora. A anterior não acabou como eu gostaria e, sem modéstia, merecia. Mas... que fazer?
Vou coleccionando as medalhas que os alunos me vão dando para satisfação do meu eu.

beijinho