Nos meus trabalhos (que nunca mais acabam...) com os livros que foram do meu Pai, encontrei três tomos encadernados, pequeninos (7,0 cm x9,7 cm) de 1828 com a Obra Poética de Nicolao Tolentino de Almeida. Abri o tomo I ao acaso e saiu-me este poema delicioso ao qual, obviamente, não alterei a ortografia, e que partilho com todos.
Chaves na mão, melena desgrenhada,
Batendo o pé na casa, a Mãi ordena.
Que o furtado colxão, fofo, e de penna,
A Filha o ponha alli, ou a Criada.
A Filha, Moça esbelta, e aperaltada,
Lhe diz co'a doce voz, que o ar serena:
"Sumio-se-lhe hum colxão, he forte pena;
Olhe não fique a casa arruinada"
"Tu respondes-me assim? tu zombas disto?
Tu cuidas, que por ter Pai embarcado,
Já a Mái não tem mãos?" E dizendo isto,
Arremette-lhe á cara, e ao penteado;
Eis senão quando (caso nunca visto!)
Sahe-lhe o colxão de dentro do toucado.
4 comentários:
Vou ser franco! Detesto poemas onde o poeta rima por uso de formas verbais, especialmente particípios e infinitivos...
GP, estou encantada com seu achado de 1828!
e agradeço pelo prazer em aqui estar, e poder ler algo tão belo.
abraços e aproveito para desejar-te uma boa semana.
mp
Sabes como eu aprecio a franqueza. Obrigada por ela.
Mas eu gostei do poema. Achei a história de 1828 bem apanhada...
Beijinho
edna
O prazer é meu em te receber aqui. Encontrei um monte de relíquias graças ao mau Pai.
Beijinho
Enviar um comentário