16 janeiro 2008

Praça

Uma praça linda de uma terra linda, Oviedo. Cidade do País dos Filipes que nós corremos em 1640.
Para isto?!...
António Gedeão dedicou um poema divino ao segundo dos Filipes
Poema do fecho-éclair

Filipe II tinha um colar de oiro,
tinha um colar de oiro com pedras rubis.
Cingia a cintura com cinto de oiro,
com fivela de oiro,
olho de perdiz.

Comia num prato
de prata lavrada
girafa trufada,
rissóis de serpente.
O copo era um gomo
que em flor desabrocha,
de cristal de rocha
do mais transparente.

Andava nas salas
forradas de Arrás,
com panos por cima,
pela frente e por trás.
Tapetes flamengos,
combates de galos,
alões e podengos,
falcões e cavalos.

Dormia na cama
de prata maciça
com dossel de lhama
de franja roliça.
Na mesa do canto
vermelho damasco,
e a tíbia de um santo
guardada num frasco.

Foi dono da Terra,
foi senhor do Mundo,
nada lhe faltava,
Filipe Segundo.

Tinha oiro e prata,
pedras nunca vistas,
safiras, topázios,
rubis, ametistas.
Tinha tudo, tudo,
sem peso nem conta,
bragas de veludo,
peliças de lontra.
Um homem tão grande
tem tudo o que quer.

O que ele não tinha
era um fecho-éclair.

3 comentários:

Rafeiro Perfumado disse...

Por muito más que as coisas sejam, continuo orgulhoso da nossa identidade nacional. Por vezes é fraquinha, mas é nossa. E é por isso que me cheira que me vou chatear com os ventos independentistas que sopram da Madeira...

GP disse...

Eu já perdi esse orgulho. Esta paz pobre, esta ditadura encapotada,esta arrogância, este desrespeito por tudo e todos, incomodam-me.
Quanto à independência da Madeira, adorava. Queria ver o Jardim fazer os "lindos" que faz sem o dinheiro dos "palermas do rectângulo"!...

GP disse...

Para mim, lb, Gedeão foi mesmo grande. Grande físico, grande químico e, principalmente, grande poeta

Beijinho