20 dezembro 2006

Ladaínha dos póstumos natais

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que se veja à mesa o meu lugar vazio


Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que hão-de me lembrar de modo menos nítido

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que só uma voz me evoque a sós consigo

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que não viva já ninguém meu conhecido

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem vivo esteja um verso deste livro

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que terei de novo o Nada a sós comigo

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem o Natal terá qualquer sentido

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que o Nada retome a cor do infinito.


Davia Mourão Ferreira

Bom Natal para todos.
O meu beijo especial de Natal vai para os que têm lugares vazios à mesa.

2 comentários:

Anónimo disse...

Muito bom Natal para ti :)

Anónimo disse...

... O natal terá sempre sentido enquanto houver quem sinta a Poesia a tocar-lhe a alma...